Andava procurando a próxima parada, se reinventava em casa esquina. Não podia com tantas mudanças, mas era disso que sobrevivia.
E tinha mesmo só uma sobrevida.
Guardava no bolso da calça xadrez, as lembranças das noites em que o pai chegava bêbado e vinha carregado por algum bom vizinho.
Guardava no bolso da jaqueta o gosto ruim de ter uma mãe submissa que se suicidou, quando viu que o casamento estava para acabar.
Na carteira, a foto dos irmãos que nunca conheceu, e nem queria.
E tinha mesmo só uma sobrevida.
Guardava no bolso da calça xadrez, as lembranças das noites em que o pai chegava bêbado e vinha carregado por algum bom vizinho.
Guardava no bolso da jaqueta o gosto ruim de ter uma mãe submissa que se suicidou, quando viu que o casamento estava para acabar.
Na carteira, a foto dos irmãos que nunca conheceu, e nem queria.
Era necessário apenas um copo de Rum (ou cuba...) para se despir dos traumas da infância.
Então vestia sua mascara, pintava o rosto e era, todos os dias, o grande palhaço da vida real, o pierrot sem amante, o "clown down" de um show que só acabava no próximo copo de Rum.
Mas as vezes o Rum acabava antes do show,
as vezes acabava antes do bar, do mês, da dor.
E ainda assim as pessoas aplaudiam.
5 comentários:
E a grande tragédia da vida,
é os palhaços se arrastando para sua "sobrevida".
Um bijo.
Nossa, muito bom seu texto.
Não sabia que vc escrevia sobre coisas tão pesadas.
Boa sorte e muita inspiração para vc
Beijos
Oi!! Encontrei seu blog na comunidade do TM. Gostei bastante.
Posso linkar ao meu?
Beijo,
Marília
onomatopeia.zip.net
E os aplausos mascaram a solidão...
Um beijo!
"Invento desculpas, provoco uma briga, digo que não estou
Vivo num 'clip' sem nexo
Um 'pierrot' retrocesso
meio bossa nova e 'rock'n roll'"
É o nosso show.
Beijo
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