março 01, 2010

Laura e o botão.

Sei que não passa das cinco.
Tictactictac.
Escuto a buzina lá fora,
outro carro dobra a esquina.
Escuto os gritos vindo da padaria:
Hoje é outra merda de domingo.

Prateleiras vazias,
partir dói demais quando ainda se esta indo.
Sobrou um dinheiro no bolso, uma vontade amarga de velhos hábitos.
-R$3,75

O resultado ainda é 2x0;
Faz diferença?
O que vale é o grito, e a razão.

Música. Vozes. Sons.
Definitivamente ruídos.
E como dói esse silencio forçado pulsando nas cordas vocais;

Mais um grito,
e nada muda.

Algumas caixas permanecem abertas,
tiro os discos das paredes,
alguns quandos da gaveta.
Mais um saco de lixo,
queria jogá-lo tão longe quanto posso com minha dor.

O telefone toca.
Defino: estou tomando banho.
Acabo de desabotoar a camisa.
Já não tenho mais cortinas,
se é que um dia tive.

O telefone insiste.
Desculpa, estava devolvendo algumas coisas para a vizinha.

Ali tem um salto quebrado,
alguns pares separados;
O relógio parou, e eu tenho certeza
que não passa das cinco.